Festival de Extinção de Rostos

A vida inteira buscando alguém pra chamar de Eu (o miasma do vácuo)

Destilado pela erradicação da aparente tristeza incurável

Começa quando você pára, quando descansa 

Ao convencer-se de que viver é uma necessidade

Nenhum organismo vivo é capaz de existir com sanidade sob condições de absoluta realidade 

Apertando as mãos dos demônios 
E passando por eles 

Toda paixão é um adoecimento dos sentidos - A própria condição é um conflito

Mas qual razão tem a inércia além da insignificância?

O mundo todo é exílio 

Todo vôo foi sinuoso e sem aterrissagem 

Transeunte trapaça
Transição na troposfera 
Traços terminais intermitentes

Inumano, uma doença com um corpo de estimação

Com gelo? Com limão? Ou com morte? (a beleza reside nas impossibilidades do corpo)

Ter um motivo realmente atribui significado às coisas? 

Porosidade etérea e biblioteca de almas 

Em quantos pedaços voltará para casa?

Um relógio atrasado que marca a hora certa de algum outro lugar 

O infinito é um corte tegumentário, pernas se abrindo 

Silêncios descartáveis

O abrigo incendiou - doente, porém saudável demais para um hospital

Todos os seus dias felizes cabem dentro de um frágil envelope 

Nenhum desejo, nenhuma obrigação. Sem ontem, nem amanhã. Nada. 

O todo é um infinito. O cosmos é um - O ser não é mais do que o não-ser.

Gosta de mim - como uma individuação, as plumas de uma mariposa-coelho que forjam um mamífero

Se mostra ocultando, se dissimula na aparência, porém também nela se ostenta (uma maquiagem comunicativa)

A compreensão passiva procede sempre a expressão ativa - da gestão da distância à tolerância da ausência 

Prepotente Pródromo da Prosopopeica Prosopagnosia 

E agora? 

Comentários

  1. Como sempre, cada verso seu é um poema independente. E dessa vez em português!

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