Psicofrenia Transativada
Comeram
meus olhos no café da manhã. Disseram-me que eram exorbitantes,
assim como minha (in)capacidade de introjeção automática de toda e
qualquer concepção imediata. A técnica transgressora de incitar o
modo de combate do oprimido.
Tateei
em busca de minha dose diária de metanfetamina.
Enxergava
com um interruptor no estômago, que havia digerido, regurgitado,
plasmolisado, e agora não sei como aquela porcaria foi parar na
minha aorta principal.
Os
cacos de vidro estupraram meus pés. Mas eu sempre gostei de tirá-los
e ver como os espermatozóides de meu sangue jorravam até a
exosfera.
Deveria
estancar meu orgasmo.
Aquela
gema de ovo parecia o sol das cinco. Um gosto de nostalgia.
Parecia
implorar-me para comê-lo. Ou comê-la. Mas eu não gostava de
ordens. Somente da clara do ovo. Somente da superfície, que pode ser
tão fascinante justamente por não saber que ela pode terminar
exatamente onde começou. Justamente por saber que pode não haver
profundidade. Justamente porque gostava de advérbios. Principalmente
os de freqüência, eram relógios cujos ponteiros
Puta
que pariu.
Silêncio.
O
meu tubo digestivo escorria através do vácuo. 4 centímetros de
duodeno, jejuno e íleo.
Silêncio,
porra.
Mexiam-se
como larvas nos escombros ósseos daquele cara no conto do Kafka.
Exceto
que faziam parte de mim.
Eram
meus filhos. Estróbilos estomacais.
Duodeno,
dizem que ele guarda 95% das doenças. Talvez eu encontre meu Cluster
A por lá. Maldito seja caso queira abrigar um Cluster B. Não
permito tamanha desdita dentro de meu organismo.
Já
o Jejuno sempre foi meu orgulho. Absorvia os carboidratos e
aminoácidos, absorvia e armazenava e compunha e triturava e era meu
orgulho. Acho que já disse isso, não?
O
Íleon. Ahh, este sim. Um tubo de paredes musculares. Um tobogã de
estiletes. Uma garganta cuja epiglote jamais se fecharia. Onde eu
poderia penetrar minha lamúria e insatisfação pessoal.
Eu
tentarei ouvir o que gosto. Extrair palavras e atribuir às mesmas um
significado divergente do original. Como um profissional odontológico
sádico enxergando apenas indivíduos portadores de qualquer síndrome
periodontal.
Todos
vocês são iguais para mim. Todos com cifose no lobo parietal.
Não
conseguia estruturar lógica em suas palavras. Elas eram como
cimento, argamassa, e automaticamente flexionavam-se em degraus
semelhantes aos do Sr. M.C. Escher.
Tateava
novamente. Onde diabos estão minha pílulas?
Não gostaria de enforcar-me com a lua novamente. Órion deslocou-se naquela noite, observando-me como um belo alvo de caça. Quem disse que as constelações seriam confraternizantes?
Não gostaria de enforcar-me com a lua novamente. Órion deslocou-se naquela noite, observando-me como um belo alvo de caça. Quem disse que as constelações seriam confraternizantes?
Noite
passada estávamos juntos. Eu já havia dito que ele tem gosto de pó
e mofo? Colocávamos buracos entre nós mesmos. Sobre nós mesmos.
Contudo
perdeu a graça ultimamente. Tenho procurado por mais seres que
gostem de conversar com plantas e respirar refrigerante.
As
bolhas de ar eram como hemo-glóbulos da morte. Plastificialmente
navegando em minha glote. Formando desenhos e padrões de imagens
tridimensionais. Ohh, as terminações nervosas fazem coisas tão
interessantes.
Mesmo
assim, sempre havia gostado de sadismo. Era interessante e
proliferante a maneira com a qual poderia diminuir outras pessoas
para aumentar coisas de mim.
Por
que não ensinam isto em minhas aulas de matemática?
Eram
equações ainda mais extenuantes quando necessitava equiparar algo
meu ao de alguém. Quase uma equação de segundo grau. Eu já disse
que me identificava com a personalidade dissociativa do x²?
Havia
uma sombra no ralo do banheiro. Exalava exuberância e altivez, minha
paixão.
Mas
poderia eu somente amá-la enquanto excruciava e diminuía sua
existência até que seus moldes encaixassem-se em meu quebra-cabeças
idealizado?
Ora,
era somente uma sombra no ralo. Haveria eu de algum dia conquistar a
sombra de uma outra cavidade qualquer. Um vacúolo digno qualquer.
Ou talvez, apenas talvez não fosse um vacúolo. Freud gostaria
disto.
Às
vezes sinto que deveria retornar à minha vida real. Às vezes penso
que esta mesma seja a incepção de diversos outros subterfúgios. A
incepção da opulência de minha vida surreal.
Puta
que pariu.
Silêncio
novamente.
É
como uma garganta que me engole. E céus, como aquela desgraça é
profunda.
72
horas e meu sistema nervoso central está isento de C9H13N e
vasoconstrição.
Creio
que hoje irei somente degustar os alcalóides.
Cafeína.
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