Poema. Ou não.

Não havia muito para ser feito.

O cheiro de tabaco afogava em prantos o cubículo hermético.

Por entre as cortinas, um véu acinzentado e mutante.

Poderia talvez enxergar, com os olhos entreabertos, identificar alguma forma imaginária que habitasse a concavidade de seus pensamentos.

Talvez pudesse alcançar a escada, acender a luz.

Os fios capilares retorcidos pelo movimento frenético das mãos, a testa com artérias dilatadas.

A campainha tocou.

Em posição fetal e trêmula, tomou o único ato que poderia ser feito.


Lambeu seus pés.

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