A Planta no Concreto e o Concreto na Planta

Aquele hino
Que eu nunca pude cantar
Perfura as amígdalas
Como
Um bico de tucano
(já disse para escovar os dentes, a culpa é sua)

Desejar minha saúde é tão certo
Quanto um buraco branco transpondo o universo
(isso é frescura, pára de choramingar)

A ponta da faca encontrou a palma da minha mão
(...)

Nublado como
Um calendário
Com os números inversos

Sangrando como
Uma torneira que vaza
Água podre

Minha molécula
Miofascial
(se estivesse se esforçando mais, não estaria sozinho neste lugar)

Deveria haver um quadro verde para inaugurar
Cada morte de
Cada espécie da minha
Floresta Boreal
(você não valoriza tudo o que tem)

Já não sou mais real
Disposto em partes
Para que pessoas possam opinar sobre
Esta existência
Tão mínima e reticente - olhos entreabertos, pés descalços, um corpo que dói e não comporta a posição fetal
(não acredito que você vai chorar neste lugar?!?!)

Eu não sou o suficiente
(você já tem o suficiente)

Pois não há voz para falar com um ouvido que não quer ouvir
Os meus olhos que você segura
Na palma da sua mão
Os seus olhos que percorrem
As Cruzadas na textura da minha aorta

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